Desde o início de 2022, quando a moeda europeia atingiu a paridade com o dólar americano, ou seja, um euro passou a valer um dólar, o euro está desvalorizando. Desde então, o euro continuou a perder valor frente ao dólar. Em agosto de 2022, chegou a valer menos de um dólar. Essa tendência de queda tem várias causas e impactos na economia da zona do euro e no resto do mundo. Neste artigo, examinaremos os principais elementos que explicam a desvalorização do euro e discutiremos a possibilidade de uma recuperação futura da moeda.

Porque o euro desvalorizou

Os fatores que contribuíram para a desvalorização do euro

Existem dois principais motivos para a desvalorização do euro: a política monetária dos bancos centrais e a inflação; e a crise energética e o conflito na Ucrânia.

O papel dos bancos centrais na política monetária e na inflação

O aumento generalizado dos preços dos bens e serviços em uma economia é chamado de inflação. A inflação diminui a capacidade de comprar moeda, ou seja, a quantidade de bens e serviços que você pode comprar com uma unidade de moeda. Embora a inflação ocorra em todo o mundo, a maneira como os bancos centrais reagem a ela pode afetar as taxas de câmbio entre as moedas.

As instituições responsáveis por controlar a oferta de moeda e as taxas de juros de uma economia são os bancos centrais. Aumentar as taxas de juros, ou o custo do dinheiro, é uma maneira de combater a inflação. Os bancos centrais impedem o investimento e o consumo aumentando as taxas de juros. Isso reduz a demanda por produtos e serviços, o que aumenta os preços. Os bancos centrais também aumentam as taxas de juros para atrair investidores com o objetivo de obter maiores retornos. Isso aumenta a demanda por dinheiro e, consequentemente, seu valor.

O banco central americano, a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED), tem aumentado as taxas de juros de maneira mais agressiva para conter a inflação. Por outro lado, o banco central da zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE), tem sido cauteloso ao aumentar as taxas de juros. Porque tem medo de causar uma crise na dívida pública de países como Grécia, Itália e Portugal. O dólar tem se valorizado em relação ao euro devido a essa postura diferente dos bancos centrais, pois os investidores preferem aplicar seus recursos na moeda americana, que oferece maiores rendimentos.

Porque o euro desvalorizou

O conflito na Ucrânia e a crise energética

A crise energética, que afeta a Europa, principalmente no que diz respeito ao fornecimento de gás natural, é outro fator que contribuiu para a desvalorização do euro. Gasodutos da Rússia passam pela Ucrânia para levar o gás natural russo para a Europa. Mas a guerra na Ucrânia, que começou em 2022, tem deixado a Europa com dúvidas sobre a continuidade do fornecimento de gás. Aproveitando sua posição de monopólio, a Rússia também aumentou os preços do gás.

A economia da zona do euro, que já havia experimentado uma desaceleração antes da pandemia de COVID-19, tem sido afetada negativamente pela crise energética. O crescimento econômico e a competitividade das empresas europeias foram afetados pelo aumento dos custos de produção e consumo. Além disso, a inflação na Europa se intensificou como resultado da crise energética. Contudo que em agosto de 2022 atingiu o nível mais alto em dez anos. O euro perdeu valor em relação ao dólar devido à crise energética, que faz com que os investidores pensem que a Europa é mais vulnerável e arriscada do que os Estados Unidos.

A possibilidade de valorização do euro

Contudo é possível que a valorização do euro ocorra no futuro diante dessas circunstâncias? Fatores internos e externos à zona do euro influenciam a resposta. Alguns desses fatores incluem:

  1.  A evolução da pandemia de COVID-19 e o progresso da vacinação na Europa e no mundo;
  2.  A recuperação da economia da zona do euro, bem como a implementação de reformas estruturais com o objetivo de aumentar a produtividade e a competitividade;
  3.  A cooperação e a coordenação entre os países da zona do euro para lidar com problemas comuns, como a dívida pública, a inflação e a crise energética;
  4. – Os esforços do Banco Central Europeu para manter a estabilidade monetária e financeira da região da euro zona sem prejudicar o crescimento econômico e a geração de empregos;
  5. – A resolução do conflito na Ucrânia, bem como a normalização das relações entre a Europa e a Rússia;
  6. – Diversificar as fontes de energia da Europa e investir em energias renováveis e sustentáveis;
  7. – As políticas monetárias e cambiais dos Estados Unidos e outras nações que afetam o mercado de câmbio

Entretanto a Europa pode recuperar a confiança, a credibilidade e o dinamismo do euro se esses elementos forem favoráveis, o que reverter a desvalorização do euro. Isso significa que o euro pode se valorizar no futuro. No entanto, se essas circunstâncias forem desfavoráveis, a Europa pode entrar em uma espiral de instabilidade, inflação e recessão, o que significa que o euro pode continuar a se desvalorizar. Como resultado, a valorização do euro depende de uma série de fatores que não estão sob o controle dos cidadãos europeus, mas que eles precisam participar e observar.

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